domingo, 17 de janeiro de 2010

O Enigmático


Quando a esperança já não mais se fazia sentir,
Surgiu
Com brilho e estranheza
Revelando-se a si mesmo
Instintos despertando – libido e fúria
Um bruxo, eu diria.
Indiferente
Angelical e demoníaco
Indecifrável
Provando o improvável,
Sem nada querer provar
Perturbando as mais sisudas almas
Libertando reprimidas fantasias
Horror dos puritanos
Deus da indecência
Adorável e repulsivo

Arlindo Cirino

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Sonho escatológico

Acordei-me subitamente a cuspir com tamanho nojo que me causava o gosto amargo de fina merda.
Merda dada na colher como se sopa fosse.
Tal façanha me fizeste uma louca dona, que, ao sentir-se ofendida depois de ter-lhe eu socado um dos dedos cu a dentro, causando-lhe um pequeno corte, sacou da colher como se fosse essa uma arma, e cravou-me, impiedosamente, na boca, a indigesta substância intestinal.

Arlindo Cirino

Cultura local

Batido e rebatido
Surrado
Ruminado
Cagado e degustado
Pisado e repisado,
Em fino pó o resultado
Pó entorpecente,
Que paralisa a mente
Mente atrofiada
Mente acomodada

Do lixo come,
Mas nem sabe do que tem fome
A cegueira da burrice
Que limita o imaginário
Que cultua a exaustiva repetição
O eterno mais do mesmo,
Que exaure o cérebro e o coração

Arlindo Cirino